2021 acabou. O ano que marcou o open finance no Brasil pede uma reflexão cuidadosa para entendermos os avanços e os desafios que ainda temos para uma implementação de sucesso.
Recapitulando os fatos:
Open Finance = sistema financeiro aberto. Entenda mais aqui.
1ª fase | Os produtos e serviços bancários foram "abertos para análise" de todos, como um catálogo comparativo de preços, serviços e condições.
2ª fase | Essa fase deu o start para o compartilhamento dos dados dos usuários, sempre com consentimento.
3ª fase | Compartilhamento dos serviços de iniciação de transações de pagamento, o PIX. As pessoas podem efetuar o pagamento via Pix em sites de e-commerce sem precisar acessar o aplicativo do banco, o que já acontece hoje ao usarmos o cartão de crédito.
4ª fase | Começa o que podemos oficialmente chamar de open finance. O compartilhamento de informações sobre produtos de investimentos, previdência, seguros e câmbio começou oficialmente pelo calendário do Banco Central.
Nos últimos meses começaram a surgir questões importantes em torno do sucesso - ou não - do open finance. O primeiro ponto que vale esclarecer é que ainda há muito para ser feito para que a iniciativa seja o sucesso esperado no Brasil e no mundo.
São muitos os desafios que estamos enfrentando e que ainda persistirão em 2022, mas muito já foi feito e precisa ser lembrado.
🔷Avanços de 2021:
O papel do Banco Central: é preciso lembrar que ter uma entidade como o BACEN como responsável por uma iniciativa como essa é de extrema importância para o ecossistema. O projeto open finance, liderado e conduzido pelo Banco Central, afirma a responsabilidade do órgão regulador em trazer mais competitividade ao sistema financeiro. Para que a resolução aconteça de maneira apropriada foram criados comitês de trabalho, uma regulação que obriga as principais instituições financeiras a fazerem parte do open finance e, ainda, uma infraestrutura tecnológica como o sandbox regulatório, que evidencia o compromisso do BACEN.
Open finance para todos: os principais objetivos do open finance englobam trazer mais competitividade para o sistema financeiro, colocar as necessidades e a experiência dos consumidores no centro das decisões, dar mais transparência para as relações financeiras e a mais importante, devolver o poder dos dados aos consumidores para que estes possam tomar as melhores decisões em relação a sua vida financeira. Ter o Banco Central do Brasil liderando a iniciativa com uma agenda robusta fortalece o potencial do sistema financeiro aberto para todos. O responsável pela autoridade monetária no Brasil está à frente do projeto, fomentando e cobrando o cumprimento dos protocolos, determinando o futuro das finanças.
PISP: os Iniciadores de Transações de Pagamentos (Payment Initiation Service Provider) começaram a ser aprovados para atuação no Brasil.
O PISP é um provedor de serviços que pode executar uma transação de pagamento em nome de um cliente, como é o caso do WhatsApp. A regulação que permite a atuação de players como esse é crucial para a transformação digital defendida pelo BACEN, pois permite que fintechs e empresas de diversos setores - como é o caso do WhatsApp - tenham acesso ao ambiente open finance. Vimos que algumas fintechs já conquistaram a “chancela” PISP concedida pelo Banco Central e esse é um movimento que está apenas começando.
Novos modelos de negócio: muitas fintechs surgiram e estão marcando presença no cenário financeiro brasileiro, avançando seus negócios por meio do open finance. Marketplaces de crédito, agregadores de contas para profissionais da gig economy (como Uber e 99 Táxi), aplicativos de gestão financeira pessoal com acesso a diversas contas bancárias e de corretoras, visando a liberdade financeira dos clientes e muito mais. São tantas propostas inovadoras surgindo e a tendência é que estes novos negócios se tornem cada vez mais consolidados e tenham a sua proposta de valor aprimorada com o open finance.
Brasileiros com acesso a produtos financeiros: a pandemia apresentou um desafio e ao mesmo tempo uma oportunidade para “bancarizar” mais de 30 milhões de brasileiros. As fintechs chegaram para oferecer soluções financeiras para uma população que por muito tempo foi esquecida. Ao acessarem os dados financeiros destes usuários é possível conceder uma oferta muito mais personalizada a cada um de seus novos clientes, viabilizando uma tomada de decisão muito mais assertiva.
Investimentos de peso em fintechs: mesmo com todos os avanços mencionados acima, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o poder do open finance. Para se ter uma ideia, fintechs de open finance no mundo já levantaram valores multimilionários em rodadas de investimento, sem contar as aquisições realizadas por grandes instituições financeiras em fintechs de open finance no Brasil.
⚠️Desafios para 2022:
Expectativa X Realidade: a ausência de adoção por parte dos consumidores têm preocupado desde as instituições financeiras até mesmo alguns órgãos reguladores ao redor do mundo. No Brasil não é diferente. Para que as pessoas compartilhem os seus dados entre as mais diversas instituições, é preciso que haja confiança por parte do consumidor, mas isso só é possível por meio de conhecimento. O open finance ainda é pouco falado, dado seu tamanho. É preciso que a população conheça, entenda e confie na iniciativa para que então estejam confortáveis em consentir o compartilhamento de seus dados. No Reino Unido, por exemplo, era esperado uma adoção de pelo menos 33 milhões de usuários, mas foi possível atingir apenas 4 milhões. Precisamos de tração para que esse ecossistema se torne cada vez mais relevante.
Tecnologia: para que o Open Finance tenha sucesso, os bancos devem adotar uma arquitetura digital de ponta a ponta. A única possibilidade de conexão entre os diversos atores do sistema financeiro é criando plataformas baseadas em APIs abertas, padronizando a comunicação dos dados. As plataformas devem ter os mais altos padrões de segurança para o sucesso do projeto e a complexidade operacional ainda é uma questão preocupante para a maioria das empresas envolvidas. A atuação de fintechs que fornecem a infraestrutura de APIs para o open finance é crucial para atingirmos o sucesso.
Casos de uso: muito se fala sobre ainda não ser possível ver na prática o que o open finance vai agregar para a vida dos consumidores e como revolucionará modelos de negócios de bancos tradicionais até fintechs. É fundamental que aplicações sejam compartilhadas para que o open finance seja explorado em sua totalidade. Por exemplo, o open banking apresenta uma grande oportunidade em pagamentos de e-commerce, onde ainda há muito atrito. Muitos casos de uso surgirão no futuro, mas estão bloqueados hoje porque o open finance ainda não foi adotado amplamente.
2022 será um ano promissor para o open finance desde que:
🔹 o Banco Central do Brasil permita que cada vez mais fintechs participem deste novo ecossistema, com a aprovação dos provedores de serviços;
🔹 as instituições financeiras, varejistas, fintechs e empresas de diversos setores apoiem e participem efetivamente da iniciativa, incorporando soluções aos seus modelos de negócios;
🔹 o consumidor esteja informado o suficiente e compreenda os benefícios que terá ao participar do open finance;
🔹 fintechs como a Pluggy cumpram com a missão de democratizar o acesso aos dados e prezem pela segurança das informações, colocando os consumidores no centro de todas as decisões.
Nós da Pluggy estamos ansiosos para contribuir cada vez mais para um sistema aberto, transparente e justo, viabilizando a tomada de decisão com base em dados padronizados e categorizados.
“Não podemos superestimar o poder do open finance a curto prazo, mas definitivamente não podemos subestimar sua revolução no médio/longo prazo”.