O ano de 2022 foi marcado pela consolidação do Open Finance, como prevíamos no ano passado. Segundo o Relatório Semestral do Open Finance, são mais de 2,7 bilhões de chamadas de API, 6,7 milhões de consentimentos ativos, 150 conglomerados participantes e 600 pessoas contribuindo diariamente com o ecossistema aberto.

O Open Finance torna possível o desenvolvimento de ferramentas digitais acessíveis e desburocratizadoras. Isso somado à digitalização do mercado financeiro e ao fato de que a maior parte da população brasileira está passando a administrar seu dinheiro de forma online, levou e continuará a levar a inovação financeira a limites que não imaginamos, com foco nos reais problemas enfrentados pelos usuários.


Retrospectiva 2022

Na mentalidade do mercado, principalmente de instituições financeiras já consolidadas, o Open Finance transitou de apenas um projeto regulatório ou de tecnologia para uma questão estratégica. Isso se deve principalmente à efetivação de algo que costumava antes ser apenas uma possibilidade: para os incumbentes, reter os clientes atuais. Para as fintechs, abre-se uma janela de oportunidades enorme para aumentar a base de clientes.

O regulador foi primordial para que esse novo projeto decolasse. No entanto, ainda há muita resistência, principalmente das grandes instituições financeiras, em fazer com que o projeto proporcione todos os benefícios que é capaz de prover.

Ainda, para o consumidor final ainda não estão claros os benefícios do compartilhamento de dados, nem mesmo a segurança desse projeto. Mesmo assim, muitos são os exemplos de sucesso, como o aplicativo de gestão financeira pessoal do Banco do Brasil, que é integrado ao Open Finance, que já conta com mais de 1 milhão de contas na plataforma ou o caso do Nubank, que utiliza os dados do ecossistema aberto para aumentar o limite de crédito.

Mas isso já era evidente desde que o projeto ainda estava sendo estudado lá no Reino Unido. Toda inovação segue uma mesma lógica de adoção, como demonstrado na imagem abaixo. Ainda estamos na 1ª fase dessa curva (Early Adopters) e no próximo ano devemos finalmente ver o crescimento do Open Finance que depende de reais benefícios para os usuários finais.


Mas avançamos muito além do próprio criador do ecossistema aberto. O Reino Unido, apesar de ter desenvolvido e avançado com o projeto primeiro, não teve a mesma ambição do projeto brasileiro. Estamos à frente dos ingleses, por exemplo, em escopo de dados e número de instituições participantes.

Ainda assim, um dos grandes aprendizados que podemos levar do projeto europeu para 2023 é a Iniciação de Pagamentos.

Um exemplo é a Autoridade fiscal, de pagamentos e alfandegária do Reino Unido, que já movimentou mais de 1 bilhão de libras em pagamentos de impostos por meio do Open Banking. O consumidor viu claramente as vantagens de pagar suas obrigações com a iniciação de pagamentos, enquanto o governo economizou bastante em taxas para meios de pagamentos.

Além disso, hoje já existem diversas iniciativas que substituem os métodos tradicionais de pagamentos, como o Pix, que já superou o TED e o DOC, e está aos poucos criando novos modelos que podem vir a ultrapassar o uso dos cartões de crédito.


Open Banking, Open Finance… Vamos chegar ao Open Data?

O Open Data é sem dúvida o futuro que estamos aos poucos traçando. Cada pessoa produz uma quantidade imensa de dados que são usados para benefício somente de empresas como big techs, bureaus de crédito e outros data brokers. Na maioria das vezes, sem que esses consumidores estejam a par do processo.

A sua pegada digital, toda informação que você deixa online, está sendo comercializada por aí. Os dados financeiros são somente a ponta do iceberg de dados que valem muito dinheiro.

Devemos evoluir para que as pessoas tenham mais consciência e controle sobre seus dados. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) construiu as bases legais para essa troca de informações e o próximo passo é colocá-la em prática. Ou seja, permitir que cada pessoa possa controlar suas informações e privacidade.


Setores que prometem uma revolução de dados

O setor de crédito é sem dúvida onde já vemos melhoras significativas com base no Open Finance. Conceder ou não crédito, desde os tempos dos sumérios, depende somente da confiança. O que muda é como essa é validada. Hoje, ela é construída com dados e informações. O comportamento financeiro de uma pessoa, extraído dos dados do Open finance, dizem muito mais sobre as pessoas do que informações de um bureau de crédito, por exemplo. A assimetria informacional que hoje existe está diminuindo graças a projetos como o Open Finance.

Uma analogia interessante 🤔: Seu score de crédito diz somente se você honrou seus compromissos do passado. É uma foto antiga, preto e branco, amarelada sobre o comportamento das pessoas. O Open Finance permite a análise como se fosse um filme full HD e em tempo real. A mudança é muito significativa.

Alguns clientes da Pluggy já demonstraram ótimos resultados utilizando esses dados de Open Finance, como o um aumento de 50% na concessão de crédito, aumento de 15% no KS e aumento do limite de crédito para 70% da base.

Outros setores que vão mudar com o Open Finance são o mercado de gestão financeira pessoal e empresarial, permitindo que alguns processos antes manuais como conciliação bancária e análise de fluxo de caixa já sejam automatizados, o que já está acontecendo.

Também será uma tendência no próximo ano o uso dos dados de Open Finance para fins de onboarding digital, KYC e facilidade na abertura e portabilidade de contas.


E para a Pluggy?

Na Pluggy tivemos um crescimento expressivo em 2022. São mais de 100 clientes que hoje conseguimos destravar o poder dos dados para criar uma nova geração de serviços financeiros.

Temos um desafio como líderes do setor de dados em mostrar aos consumidores finais os benefícios e riscos do compartilhamento de dados.
Para nós, os dados servem para 2 propósitos: i) entender e ii) automatizar. E cada vez estamos criando mais soluções para que o entendimento e automatização dos processos e dados sejam feitos de forma fácil e rápida. Eliminando barreiras para que qualquer inovador possa criar soluções incríveis.


Estou feliz em como evoluímos este ano e muito animado para construirmos um ecossistema financeiro aberto ainda mais consolidado em 2023.