A partir de amanhã, 15 de dezembro, o Open Banking no Brasil entra em sua quarta e última fase. Na prática, a mudança trazida pela nova etapa é que o compartilhamento de dados sobre transações financeiras irá abranger um leque maior de produtos e serviços, incluindo dados sobre investimentos, taxas de câmbio, credenciamento, seguros, previdência e produtos como CDB, RDB, LCI, LCA e títulos públicos.

“Até então, o compartilhamento de dados estava limitado a produtos e serviços mais tradicionais, como contas bancárias, cartão de crédito e empréstimos. A quarta fase caracteriza de vez o início da implantação do Open Finance no país e, além dos bancos e fintechs, uma diversidade maior de instituições passam a integrar o sistema, como fundos de previdência, corretoras e companhias de câmbio”, comenta Bruno Loiola, cofundador e Chief Growth Officer da Pluggy, startup que busca democratizar o acesso aos dados financeiros por meio de uma plataforma API gratuita.


Poder de decisão na mão do cliente

Vale lembrar que a grande filosofia do Open Finance é a abertura e descentralização de dados – condicionadas à permissão dos clientes. Ou seja, as informações relacionadas às transações financeiras não pertencem mais à instituição que conduziu essas transações. Se o cliente autoriza o compartilhamento, os concorrentes terão acesso a esses dados, podendo atrair o cliente para si com ofertas melhores. E os consumidores, ao contratar um serviço ou produto, não irão começar “do zero” um histórico financeiro com a instituição escolhida, porque seus dados agora estão no sistema - não são mais propriedade das instituições.

“É uma mudança que beneficia, de forma expressiva, os dois lados da transação. As instituições irão conhecer de forma mais realista as necessidades dos consumidores e seu perfil econômico. Saberão que recursos esse consumidor tem e que encargos ele vem pagando aos concorrentes. Com isso, suas ofertas serão construídas de forma personalizada e mais competitiva. Os clientes, por seu lado, terão mais opções de escolha e, graças a essa disputa entre os agentes do mercado para oferecer as melhores condições de negócio, terão acesso mais fácil a crédito e a serviços e produtos com tarifas melhores”, destaca o executivo.


Como funciona o compartilhamento e o acesso aos dados

Com o Open Finance, as informações de todas as movimentações financeiras realizadas por cidadãos e empresas em diferentes bancos e estabelecimentos ficarão concentradas em uma única plataforma, supervisionada pelo Banco Central – desde que haja o consentimento prévio do cliente, como já dito. Se a autorização do cliente é concedida, as instituições são obrigadas a tornar essas informações públicas.

Contudo, esses dados são públicos apenas no âmbito das instituições que fazem parte do sistema e somente com a finalidade de atender aos interesses dos clientes. As instituições são, inclusive, as responsáveis pela segurança e privacidade desses dados, em moldes semelhantes ao regramento do sigilo bancário.

Por isso, para fazer parte do Open Banking, os estabelecimentos devem obedecer a uma série de requisitos de cibersegurança definidos pelo Banco Central. Apenas assim conseguem se autenticar no ambiente regulado.